As vendas do setor de pet shops estão em crescimento no Brasil, ano após ano. Esse mercado já enfrentou crises da economia brasileira recentemente, mas continuou com uma demanda cada vez mais forte. Agora o mundo vive um abalo sem precedentes, por causa da pandemia de covid-19. E mesmo assim o setor de pet shops encontrou uma forma de manter o crescimento. O comércio eletrônico se fortaleceu como nunca e mostrou um novo caminho para lojas e donos de animais.
Antes da pandemia, o e-commerce do setor de pets já estava se consolidando entre os principais do Brasil. Em 2019, ele movimentou, em média, R$ 2 bilhões por ano, de acordo com dados do Instituto Pet Brasil. E trata-se de uma área com alto tíquete médio de vendas. Isso significa que as pessoas costumam gastar altos valores em compras online. De acordo com o último levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o setor de pets tem o 11º tíquete médio do Brasil, com gastos de R$ 177,46 em média.
Dados mostram que as vendas gerais de produtos para animais cresceram até durante as recessões que o Brasil atravessou nos últimos anos. Em 2016, quando o PIB do país caiu 3,6%, o setor de pets faturou R$ 18,9 bilhões, com crescimento de 4,9%. Segundo dados do Instituto Pet Brasil, esse mercado faturou R$ 32,9 bilhões em 2018, quando o Brasil ainda estava estagnado economicamente.
Então já era possível esperar que o setor de pet passasse bem por mais uma crise. Com o início da pandemia de coronavírus, as vendas desse mercado registraram um aumento recorde. Muitos donos de animais fizeram grandes compras, pois queriam ter estoque, para evitar sair de casa futuramente. Além disso, as pessoas estavam preocupadas com um possível desabastecimento nas lojas.
Como os pet shops são considerados serviços essenciais, não tiveram que fechar obrigatoriamente durante o período de isolamento. Diante desse cenário, a venda de produtos ligados à alimentação animal disparou cerca de 30% em março, de acordo com Associação Brasileira da Indústria de alimentos para animais de estimação (Abinpet).
Relatórios do Movimento Compre&Confie mostraram que esse crescimento de vendas do setor pet aconteceu principalmente por causa do fortalecimento do comércio eletrônico. Apenas em março, já houve um aumento de 47% de receita neste mercado.
O aumento também é grande quando são observados os números do primeiro trimestre de 2020, em comparação com os dados de fechamento do ano passado. Em 2019, o setor pet foi responsável por 1,6% dos pedidos de compras online no Brasil e obteve 0,9% do faturamento. No primeiro trimestre deste ano, o mercado atingiu 2,1% dos pedidos e 1,1% do faturamento. Esse crescimento fez a procura por produtos de pet shops ser maior, por exemplo, do que a demanda do setor automotivo no primeiro trimestre.
Ásia, Europa e Estados Unidos passaram pelas fases da pandemia antes do Brasil. E o setor de pet shops, em diversos locais, teve grande crescimento de vendas online. No mercado dos Estados Unidos, que é o maior do mundo, os pedidos de comidas para gatos cresceram até 401%. Na Itália, os suprimentos para cachorros foram responsáveis por um crescimento de 995%. E até na Coreia do Sul, país onde a pandemia foi controlada mais rapidamente, houve um grande aumento de vendas online, principalmente de comidas para peixes. Foi um crescimento de 42%.
No Brasil, tudo indica que a pandemia ainda não atingiu o pico e portanto o isolamento deve durar por mais tempo. Se isso acontecer, os pet shops terão que apostar cada vez mais no comércio online. E assim o mercado deve seguir forte, apesar de uma crise global.